Por lembrança da irrequieta 'Meg', do blogue 'A Recalcitrante', acabo de ser 'presenteada' com a incumbência de produzir um 'meme ' cujo tema é — 'Paraíso Natural '.
Não sendo de virar as costas a desafios, tentarei aqui transmitir algo sobre a Braganzónia que não seja a costumeira [oficial] propaganda dos montes, do ar puro, da caça, da pesca, dos fumeiros e demais 'papanças' que por cá se podem [ainda] encontrar sem dificuldade.
Não sendo de virar as costas a desafios, tentarei aqui transmitir algo sobre a Braganzónia que não seja a costumeira [oficial] propaganda dos montes, do ar puro, da caça, da pesca, dos fumeiros e demais 'papanças' que por cá se podem [ainda] encontrar sem dificuldade.
[Um 'meme', termo criado por Richard_Dawkins, corresponde a uma espécie de unidade de informação para ser divulgada entre indivíduos ou entre locais, sejam livros ou blogues, onde possa ser guardada. Em termos funcionais é considerado uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma autopropagar-se. Os 'meme ' podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser facilmente apreendida e transmitida enquanto unidade autónoma]
Se Richard Dawkins definiu 'meme', defini eu há uns meses atrás [que se saiba] quando decidi o nome a dar a este modesto blogue, o que seria 'Braganzónia'. Contracção de Bragança, território correspondente à metade Norte do Concelho, integrada no Parque Natural de Montesinho, e Amazónia, terra de índios escorraçados pelo poder político Brasileiro. A fazer justamente lembrar o desprezo com que os [índios] filhos do Nordeste Transmontano sempre foram tratados pelo poder político de Portugal.
Por isso que, sendo a região fronteiriça de Bragança para muitos, os que a visitam, um verdadeiro 'Paraíso Natural', para os que nela [sobre]vivem pouco mais tem sido, ironicamente e ao contrário de 'Madeiras' e 'Algarves', do que um pedaço de terra rude e hostil, onde grande parte das populações vive ainda tal como vivia há cem anos atrás, na quase completa ausência de condições de vida decentes e próprias do séc.XXI de que os restantes, mormente os do 'Litoral', disfrutam desde há décadas...
Adiante!
A metade Norte do Concelho de Bragança, na fronteira com Espanha, coincidente com a área classificada em 1979 como Parque Natural [de Montesinho] é, ainda, uma região extremamente rica do ponto de vista paisagístico onde é possível observar um conjunto notável de ecossistemas naturais e semi-naturais diferentes e variados, que lhe conferem um aspecto de permanente mosaico de paisagens.
Tal variedade resulta, por um lado, de condições naturais específicas — o relevo, a geologia e o clima — propícias ao desenvolvimento de uma fauna e de uma flora muito diversificadas. Advém, por outro lado, da transformação realizada pelo 'Homem' neste meio natural ao longo do tempo, através da agricultura e da pastorícia, levando lentamente ao aparecimento e à manutenção de ecossistemas semi-naturais que vieram enriquecer ainda mais a elevada diversidade biológica existente.
A região é parcialmente constituída por zonas planálticas com altitudes que variam entre os 500 e os 750 metros, interrompidas por serras e vales cavados na bacia dos principais rios que as atravessam, de Norte para Sul, resultando dessa forma num relevo vigoroso que atinge os 1.486 metros de altitude na Serra de Montesinho.
O clima é bem caracterizado pelo ditado popular —nove meses de Inverno e três de Inferno — já que a uma curta Primavera se sucedem três meses de Verão em que as temperaturas máximas chegam a ultrapassar os 40 graus, para dar lugar a um breve período de Outono que antecede um rigoroso Inverno em que frequentemente se registam temperaturas inferiores a 15 graus negativos.
A flora local reflete inúmeras variações naturais para além das que foram introduzidas pela actividade do 'Homem'. O que antes terá sido um maciço de florestas de carvalho-negral [Quercus pyrenayca], de sobreiro [Quercus suber] e de carvalho-cerquinho [Quercus faginea], é hoje uma mistura multicolor de seculares carvalhais, sardoais e soutos de castanheiro, juntamente com pinheiros, freixos, vidoeiros, cerejeiras e outras espécies arbóreas autóctones, complementadas por extensas zonas de mato de altitude em que apenas cresce a urze, a giesta, a carqueja e a esteva.
A grande diversidade de 'habitats' e a relativa falta de perturbação ambiental conferem a esta área uma significativa importância faunística a nível Europeu, pela existência de espécies ameaçadas de extinção — o lobo ibérico, a águia real, o lince ibérico e a cegonha negra — bem como de espécies raras e vulneráveis — a lontra, a marta, a toupeira-de-água e a víbora-cornuda — a que deverão acrescentar-se as espécies ditas cinegéticas, relativamente abundantes, como a lebre, a perdiz, o coelho, o corço, o veado ou o javali, sendo aqui possível encontrar cerca de 250 das 466 espécies de vertebrados terrestres referenciadas em Portugal [continental].
Há milénios que a região é povoada, conservando ainda vestígios arqueológicos em muitas das suas aldeias. A ocupação humana é atestada por gravuras rupestres datadas do Paleolítico Superior que se encontram no Rio Sabor a escassos quilómetros da cidade de Bragança, sendo que apenas no Neolítico Final essa ocupação se tenha estendido a toda a região. No período Proto-Histórico ter-se-à já verificado um povoamento relevante, sendo disso testemunho os inúmeros povoados fortificados de cumeada que abundam na região.
Nos dias de hoje encontram-se algumas dezenas de aglomerados populacionais disseminados pela região, sendo na sua maioria, e exceptuando a sede do Concelho, lugares de pequena dimensão em que o número de habitantes mal chega aos 300 [França].
Aqui [por fim] chegados, que cada um trate agora de desvendar por si, entre 'índios' e 'papanças', os segredos deste... 'Paraíso Natural'.
Por isso que, sendo a região fronteiriça de Bragança para muitos, os que a visitam, um verdadeiro 'Paraíso Natural', para os que nela [sobre]vivem pouco mais tem sido, ironicamente e ao contrário de 'Madeiras' e 'Algarves', do que um pedaço de terra rude e hostil, onde grande parte das populações vive ainda tal como vivia há cem anos atrás, na quase completa ausência de condições de vida decentes e próprias do séc.XXI de que os restantes, mormente os do 'Litoral', disfrutam desde há décadas...
Adiante!
A metade Norte do Concelho de Bragança, na fronteira com Espanha, coincidente com a área classificada em 1979 como Parque Natural [de Montesinho] é, ainda, uma região extremamente rica do ponto de vista paisagístico onde é possível observar um conjunto notável de ecossistemas naturais e semi-naturais diferentes e variados, que lhe conferem um aspecto de permanente mosaico de paisagens.
Tal variedade resulta, por um lado, de condições naturais específicas — o relevo, a geologia e o clima — propícias ao desenvolvimento de uma fauna e de uma flora muito diversificadas. Advém, por outro lado, da transformação realizada pelo 'Homem' neste meio natural ao longo do tempo, através da agricultura e da pastorícia, levando lentamente ao aparecimento e à manutenção de ecossistemas semi-naturais que vieram enriquecer ainda mais a elevada diversidade biológica existente.
A região é parcialmente constituída por zonas planálticas com altitudes que variam entre os 500 e os 750 metros, interrompidas por serras e vales cavados na bacia dos principais rios que as atravessam, de Norte para Sul, resultando dessa forma num relevo vigoroso que atinge os 1.486 metros de altitude na Serra de Montesinho.
O clima é bem caracterizado pelo ditado popular —
A flora local reflete inúmeras variações naturais para além das que foram introduzidas pela actividade do 'Homem'. O que antes terá sido um maciço de florestas de carvalho-negral [Quercus pyrenayca], de sobreiro [Quercus suber] e de carvalho-cerquinho [Quercus faginea], é hoje uma mistura multicolor de seculares carvalhais, sardoais e soutos de castanheiro, juntamente com pinheiros, freixos, vidoeiros, cerejeiras e outras espécies arbóreas autóctones, complementadas por extensas zonas de mato de altitude em que apenas cresce a urze, a giesta, a carqueja e a esteva.
A grande diversidade de 'habitats' e a relativa falta de perturbação ambiental conferem a esta área uma significativa importância faunística a nível Europeu, pela existência de espécies ameaçadas de extinção — o lobo ibérico, a águia real, o lince ibérico e a cegonha negra — bem como de espécies raras e vulneráveis — a lontra, a marta, a toupeira-de-água e a víbora-cornuda — a que deverão acrescentar-se as espécies ditas cinegéticas, relativamente abundantes, como a lebre, a perdiz, o coelho, o corço, o veado ou o javali, sendo aqui possível encontrar cerca de 250 das 466 espécies de vertebrados terrestres referenciadas em Portugal [continental].
Há milénios que a região é povoada, conservando ainda vestígios arqueológicos em muitas das suas aldeias. A ocupação humana é atestada por gravuras rupestres datadas do Paleolítico Superior que se encontram no Rio Sabor a escassos quilómetros da cidade de Bragança, sendo que apenas no Neolítico Final essa ocupação se tenha estendido a toda a região. No período Proto-Histórico ter-se-à já verificado um povoamento relevante, sendo disso testemunho os inúmeros povoados fortificados de cumeada que abundam na região.
Nos dias de hoje encontram-se algumas dezenas de aglomerados populacionais disseminados pela região, sendo na sua maioria, e exceptuando a sede do Concelho, lugares de pequena dimensão em que o número de habitantes mal chega aos 300 [França].
Aqui [por fim] chegados, que cada um trate agora de desvendar por si, entre 'índios' e 'papanças', os segredos deste... 'Paraíso Natural'.
Como parece que compete, será agora a minha vez de 'honrar ' com semelhante tarefa, de produzir um 'meme ' sobre o tema em questão, quatro dos meus queridos amigos e amigas que, desta vez, por razões que não se explicam, calha serem estes:
'Ka', do 'Blog da Ka'
'JPG', do 'Sino da Aldeia'
'Different', do 'Mentacutilante'
'RendaDeBilros', do 'Que Conversa!'
'Ka', do 'Blog da Ka'
'JPG', do 'Sino da Aldeia'
'Different', do 'Mentacutilante'
'RendaDeBilros', do 'Que Conversa!'
[Não há direito, pelo que me foi dado pesquisar, a 'pendurar' ou 'colar' no blogue qualquer 'quadro' ou 'autocolante'. Apenas o dever de, desinteressadamente, produzir algo que, como no meu caso, teve até a virtude de me afastar por algum tempo [levou uma tarde inteira a 'cozinhar' esta coisa] da 'burrice' política do Governo com que na maior parte dos casos vamos consumindo o nosso precioso tempo de forma inglória e frustrante]
Um Xi grande.
15 comentários:
Adorei, isto sim, é uma maravilha,estou orgulhosa... e tento aprender.
Um abraço
Obrigada por tão importante distinção. Prometo honrá-la ou não fosse eu uma índia cozinhada nos nove meses de Inverno e tostada nos três meses de Inferno.
A propósito: tenho muito orgulho em ser índia desta terra encantada.
Já agora, o tema tem de ser o mesmo ou pode ser diferente?
ok. já percebi! o tema é "Paraíso Natural", certo?
Ai Porca!!!
Bem me parecia que trazia àgua no bico a tua prendinha...
E agora que faço??? Respondo claro...mas não consigo prever quanto tempo levarei a cumprir este desafio, entre o trabalho e a família...lol
Eu darei notícias brevemente (espero)
Um xi da ka
Querida Porca Amiga:
Conforme já tive ocasião de te dizer no meiu blogue, nos comentários, não vou aceitar esta tua simpática e amiga indigitação.
Não tenho queda para textos "por encomenda", nem francamente tempo ou gosto em fazê-lo. Nem mesmo por ti!
Acresce que me apanhaste numa altura em que um certo desencanto por estas coisas dos blogues começa a chegar.
Agradeço-te do coração, mas espero e desejo que me compreendas e perdoes.
Um grande abraço.
Olá Meg,
Folgo que tenhas gostado. Pena que não estejas cá acima para disfrutar destes sítios. Havias de gostar.
[digo eu, que se calhar até já conheces o Parque]
Um Xi da Porca
Olá 'different',
Já fui ler o conto. Parabéns. Não consegui foi identificar o local das fotos. Parece-me a Serra de Bornes. Será?
Também Índia? Pode saber-se de que 'tribo'?
Um Xi da Porca
Olá 'Ka',
Não custa nada. É só começar que depois a gente entusiasma-se.
A região do Porto, embora numa escala diferente da do Parque de Montesinho, também tem uns paraísos naturais interessantes.
Um Xi da Porca
Olá Jorge,
Não tens qualquer problema. Tu, melhor do que eu, sabes que neste mundo dos blogues cada um tem a liberdade de agir conforme entender.
Neste caso aceitei com todo o gosto o desafio da 'Meg' porque o tema se adequava perfeitamente à região onde vivo.
Vi que as coisas no 'Sino' já estão mais calmas, embora não tenha ainda percebido muito bem o que se passou.
Não te aborreças que não vale a pena.
Um Xi da Porca
Céus! Que é isto? Minha amiga, estou tonta, não sei que dizer... e isto precisa de tempo agora para se pensar... e eu que tenho que fazer o jantar não tarda nada...
Muito obrigada pela lembrança... Vou pôr a cabecinha a funcionar...e mais tarde ou mais cedo, talvez saia qualquer coisa...
beijos...
As fotos foram tiradas na Serra da Nogueira (Bragança) e Montesinho (perto de Rio d'Onor).
Olá 'RendaDeBilros',
Acho que também não há pressa. Parece, aliás, que a regra é não haver regra nenhuma, com excepção do tema.
Quando sair... sai!
Um Xi da Porca
Olá 'Different'.
Parece que fui traída pelo nevoeiro... A terceira foto fazia-me lembrar a Serra de Nogueira, com Rebordãos a meia encosta, mas aquelas nuvens baralharam-me e não tinha a certeza. Daí ter apostado em Bornes...
Um Xi da Porca
Belo texto, do qual, a destacar algum excerto, escolheria o 2º parágrafo.
Aliás, aqui ao lado, e desde que cá cheguei um dia, vejo a passar a rolar um magnífico exemplar do que é "a reserva dos renegados"!
Parabéns!
Um grande abraço.
Obrigada Jorge.
Esta coisa dos Parques Naturais é muito bonita mas é para quem não tem de viver dentro deles.
E é efectivamente verdade que para cortares um pouco da tua própria lenha para o Inverno tens que tirar uma licença especial nos serviços do PNM. Depois és fiscalizado e se tiveres cortado a mais levas com uma multa que até andas de lado!
É a tal 'integração harmoniosa do Homem com o Meio'... Esquecem-se os senhores do Poder é que essas populações vivem no e do seu próprio Meio, e não de belos 'tachos' como os deles!
[por vezes as populações mostram a sua revolta pegando fogo às matas do Estado]
Um Xi da Porca
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