"A revivificação de Salazar acusa-nos e com razão. Acusa em primeira instância a regra democrática assente nos partidos políticos que se esqueceram há muito da necessidade de fazer da sua prática uma referência de exemplaridade cívica, de probidade intelectual, de integridade moral. Vazios, falhos de ideias, caceteiros e produtores de caciques, em vez de culturas de cidadania, mais empenhados nos seus vínculos ao poder, seja a que preço for, quietos em vez de inquietos, mitificando o poder pessoal deste ou daquele, desinteressados da reflexão profunda e programática sobre o nosso futuro. Depois, é a própria desonra da política. Sucedem-se governos atrás de governos que prometem o céu, que asseguram que agora é de vez, pedem sacrifícios e martírios, mas basta instalarem-se para repetirem as mesmas fórmulas, trocarem as voltas ao que disseram, desdizendo-se com o mesmo descaramento.
Salazar é um dos símbolos da injustiça, da restrição das liberdades individuais, da prisão sem justa causa. Mas por aqui, o regime democrático tem um passado de vergonha que cada vez menos possui força moral para denunciar o ditador. É já um enorme exército de gente vítima da prisão extemporânea, do achincalhamento nacional sem honra de julgamento, de condenações na praça pública por se ser um simples arguido, coisa que hoje vale divisas de bandido. Não é Salazar quem ressurge como um herói fantasma. A saudade é a resposta emocional à mediocridade reinante, à desilusão teimosa, à destruição paulatina dos valores essenciais da dignidade e da honradez em nome de uma clientela qualquer e de um cacique qualquer sem escrúpulos. De certa forma, estamos a ser confrontados com a nossa própria incapacidade, a nossa incompetência, a nossa tolerância face à degradação moral do próprio poder."
Salazar é um dos símbolos da injustiça, da restrição das liberdades individuais, da prisão sem justa causa. Mas por aqui, o regime democrático tem um passado de vergonha que cada vez menos possui força moral para denunciar o ditador. É já um enorme exército de gente vítima da prisão extemporânea, do achincalhamento nacional sem honra de julgamento, de condenações na praça pública por se ser um simples arguido, coisa que hoje vale divisas de bandido. Não é Salazar quem ressurge como um herói fantasma. A saudade é a resposta emocional à mediocridade reinante, à desilusão teimosa, à destruição paulatina dos valores essenciais da dignidade e da honradez em nome de uma clientela qualquer e de um cacique qualquer sem escrúpulos. De certa forma, estamos a ser confrontados com a nossa própria incapacidade, a nossa incompetência, a nossa tolerância face à degradação moral do próprio poder."
Francisco Moita Flores, in ' Correio da Manhã '
A História de um povo faz-se de tudo. Bom e mau... Que o 'mau' sempre servirá, nem que para mais não seja, para referência do 'bom'!
E escusávamos bem de ouvir destasmerdas coisas, senhor Sócrates...
E escusávamos bem de ouvir destas
5 comentários:
Por acaso, esta tarde, tomando o lanche no café, estive justamente a ler este artigo. Vem ao encontro daquilo que pensam muitas pessoas, de que a Democracia não soube mostrar aos menores de 40 anos, como refere Moita Flores, as virtudes do seu sistema.
Escusávamos de ler estas verdades, tens toda a razão!
O 1º Ministro devia saber disto, se é que não sabe perfeitamente...
um abraço.
Jorge,
O mais grave é que este Socialismo 'podre' dos últimos anos já quase só mostra os defeitos, a um ritmo cada vez rápido...
Um Xi da Porca
Dou-te inteira razão!
Um Xi do sineiro.
E eu dou por mim a concordar com o Moita Flores. Alguma coisa vai muito mal!
MPS,
E não há sinais de abrandamento. O governo Sócrates está perfeitamente 'desbocado'...
Um Xi da Porca
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